Manhãs solarengas e estivais
o sonho incendiavam na criança,
sonho que desfolhará jamais
seu rosário e sorriso de esperança.
Tinham as manhãs formosas
perfume e primaveril odor,
os prados cantavam com rosas
que cobriam de aguarelas e de cor.
Matinais caminhos gelados
branqueavam a agreste paisagem,
o vento pelos cerros e silvados
galgava alegremente na viagem.
Acordes longínquos e desconhecidos
eram melodias que trinavam no ar,
cânticos rústicos por caminhos perdidos
que os carros de bois faziam soar.
Nas serras cheirava a pinho e resina
e os ribeiros murmuravam seu cantar,
grilos e ralos nas noites de surdina
faziam seu concerto até o sol raiar.
Na longa noite invernosa e fria
e o pão no forno vermelho a torrar,
a lareira acesa os corpos aquecia
até à hora da ceia, antes de deitar.
O sol dormia nos cerros e montes
desde as cinco da tarde até alvorecer,
calavam-se aves, murmuravam fontes
no nocturno silêncio do adormecer.
Pelos degraus da vida em crescer lento
corríamos à deriva a caminho da escola
por cima de pedras à chuva e ao vento
c’os livros às costas dentro da sacola.
Nossos verdes anos em redemoinho,
num rodopio como as pedras das mós,
corríamos apressados à fonte do moinho
a encher o cântaro como os nossos avós.
sexta-feira, dezembro 28, 2007
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