sexta-feira, novembro 11, 2005

A paixão é dom de encantar...

A PAIXÃO

A paixão é dom de encantar
Um coração faminto de amor,
Expressa-se com simples olhar
No deslizar amargurado da dor.

A paixão é sonho embriagado
De poemas de alegria e ternura,
Arde no coração enamorado
Desejoso dos laços de ventura.

A paixão é magia querida,
Gaivota ao sabor do vento,
Corre na sombra escondida
No silêncio do pensamento.

A paixão é um querer que ecoa
Na desilusão que a vida magoa!...


terça-feira, novembro 08, 2005

Escoa-se a chuva que morre por entre os penedos...

ENTARDECER DE CHUVA


Como lágrima na face do rosto
Chove torrencialmente no pinhal,
Escoa-se a chuva que morre
Nos penedos por onde escorre
Com eco abafado e desigual
Pelas quebradas ao sol posto.

Gemem carros pelo caminho
Em estridente e agudo canto,
Carregam pinheiros pesados
Pela resina ensanguentados,
Enquanto o vento com pranto
As ovelhas afaga de mansinho.

Sacudido por brisas frescas
Baloiça o pinhal ao vento,
Cai copiosa chuva na sama
Que ao rebanho serve de cama
Na busca do viçoso alimento
Escondido entre as giestas.

No outeiro soam baladas
Que na flauta toca o pastor
E o rebanho atento escuta
Na azáfama e dura luta
Do viver e do seu labor
Num ecoar pelas quebradas.

O sol adormece no seu leito,
A sombra alastra lentamente,
Invade o barroco adormecido
Como fantasma que anda perdido
Nas entranhas do vale dormente
Por onde corre riacho estreito.

Cheia de silêncio e nevoeiro
Cerra-se a noite moribunda,
Enquanto o cão atarefado
Conduz o rebanho apressado
No pinhal onde o escuro abunda
Rumo ao curral estrumeiro.