...essa ave chama pelo companheiro já sem vida...
Rui Palmela
Blog com carácter de publicação de crónicas sociais e não só, poderá conter críticas, análises e até, porque não, sugestões de vária natureza.
A paixão é dom de encantar |
Como lágrima na face do rosto No outeiro soam baladas |
Se as ondas do mar fossem flores Num jardim orvalhado de beijos Alagariam de perfumes e de cores As pétalas embebidas em desejos. Ergueriam um clamor de ilusões Germinadas de ternuras cristalinas E desfolhadas por brisas de paixões Acompanhadas de melodias divinas. Se as ondas do mar fossem ventura Nas primaveris auroras de beleza Inundariam num pranto de ternura O sonho transbordante de pureza. Cantariam as alegrias da vida Fechadas em conchas de saudade Que no prazer da existência querida Bordariam de grinaldas a amizade. |
Dourados trigais a planura ondeiam Com ligeira brisa que sopra divinal, Fofos tapetes a campina serpenteiam Tisnados pelo calor do duro estival. Presos à terra, mãe da Natureza Num abraço leve de graciosidade Dão fartura e pão que à pobreza Mitiga a dura fome que a invade. Papoilas exuberantes no trigal criadas O campo cobrem de tons avermelhados, Lembram paisagens de tintas salpicadas Com coloridos beijos de apaixonados. Perdidos nos campos os lindos trigais De imagens enchem os poemas da vida Com efémeros sonhos no tempo irreais Os dias inundam de mágica florida. |
Gaivotas volteiam sobre o calmo mar, Ondas morrem no areal fino da praia, A serra mira-se no espelho a cintilar Da concha rutilante de águas de cambraia. Miríades de cores brilham com ternura, Reflectindo as cambiantes de cor cálida No extenso manto da mata de verdura Que em tapete cobre a serra da Arrábida. A natureza com esplendor e encanto Acorda com suave sussurro do vento, Pelos vales escorre prateado pranto Do nocturno orvalho criado ao relento. As vertentes beijadas num morno matinal Pelas ligeiras carícias duma ténue aragem, São quimeras e sonhos dum mundo irreal Deixados pela brisa presos na ramagem. Sacode o arvoredo o espesso manto De neblina que se esfuma lentamente, A mata desperta em gracioso canto Que enche de vida a serra imponente. Dum lado, a praia maravilhosa, Do outro, a arriba alcantilada, Cambiantes de paisagem formosa, Cinzelada por escultor de nomeada. Ao longe, o Tejo na penumbra, Mais perto, o pacífico Sado, Maravilhas que o olhar vislumbra Num painel de belas tintas pintado. As entranhas esboroaram sem piedade, Desbastando algum encanto e beleza, Chora a mata lágrimas de saudade Diluídas no vazio da humana pobreza. |
RUMOS DESENCONTRADOS |
Fecham-se na noite fria |
In Imagens |
I |
RIO ZÊZERE Ora se diverte nos socalcos da serra, |
PENSO EM TI Penso em ti quando enamorada navegavas num mundo de ilusão, teus olhos meigos na face rosada eram liras dedilhadas com emoção. Amar esses olhos como escravo e beijar essa boca colorida, secar tuas lágrimas com afago era o grande sonho da minha vida. Meu amor era um rio em caudal, era o pão na mesa do apaixonado e o fruto amargo e desejado… Era a dor que abraçava divinal, o fel que me queimava como lume e me enchia a alma de azedume. |
SAUDADES Mora no meu ser, que dormita incólume, uma viagem vivida de um amor que chora e sofre acorrentado a um labirinto de sonhos... Sonho teus seios ao luar e tua boca ardente onde se queimam meus lábios em rubras labaredas, sussurrantes de desejos e mendigos de um amor adornado de paixão... Transborda a saudade dos tempos vividos na cavalgada da vida, sedenta dos carinhos que saboreava com delícia e se perderam pelos caminhos sem rumo e sozinhos... Murcha de saudades o amor que aos poucos vai morrendo e mergulhado na dor caminhando vai lentamente seu final tecendo. |
MATINAL PRIMAVERIL Pétalas choram lágrimas de orvalho Que a maresia cobriu com carinho, O sol afaga a abelha que no trabalho A flor amima, beijando-a de mansinho. Milhares de reflexos brilham prateados Pelas matas e bosques verdejantes, Cantores entoam melodiosos trinados, E ribeiros confundem-se rumorejantes. Coloridas pinturas de diversas flores À Natureza dão mais brilho e alegria, O arco-íris espalha suas lindas cores E a manhã alinda com o raiar do dia. Miram-se as árvores no cintilante ribeiro Espelhado com o cristal das suas águas, Os peixes gozam fulvo sol fagueiro, Nadando com graça por entre as fráguas. ________ In IMAGENS |
NOITE (DES)CANSADA
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